Fomos ao Rio de Janeiro a convite da base da JOCUM Carioca, onde o Lucas foi convidado para dar aula na escola bíblica por uma semana. Ele também foi convidado a compartilhar sobre a necessidade de tradução (oral) da Bíblia. Para a maioria esse ainda é um conceito distante, porém existem milhares de grupos línguisticos esperando pela palavra de Deus em sua língua materna, dos quais só no Brasil existem cerca de duzentos grupos que ainda não possuem uma Bíblia completa. Para eles, um Deus que não fala com eles em sua própria língua, não quer ser o Deus deles, é apenas um Deus que faz uma visita junto de um pastor ou um missionário. Claro que sabemos que Deus quer ser um Deus de todas as pessoas de todas as nações, países, tribos e línguas.
Eu achava muitas coisas do nosso cotidiano muito estranhas, no momento nem percebemos mais o que realmente é normal para nós: ao nascer do sol, os galos cacarejam desejando um bom dia para nós. Ainda sonolento, Saulo desce da rede e vai até a árvore, que fica um pouco mais adiante, para fazer ali o xixi matinal. Depois de uma rápida lavagem na torneira externa, ele come tranquilamente seu pão caseiro com os olhos ainda pequenos. Antes mesmo dele terminar a comer, as suas amigas já estão na porta para pegar o Saulo e ir a pé até a escola local. Nervoso, mas acima de tudo muito orgulhoso, vai a pé para a escola com os amigos, finalmente ele se sente parte do grupo das crianças grandes. Também é maravilhoso ver o Saulo se sentindo em casa. Depois de um curto período de férias em que pudemos curtir nossas duas famílias, estamos de volta à aldeia. Como esse tempo nos fez bem, nos permitindo nos desconectar de tudo que vivemos. Poder refletir sobre o nosso trabalho e voltar com foco apurado para a nossa segunda casa: a aldeia.
“Temos a Bíblia na língua portuguesa e podemos nos entender em português. Mas a Bíblia é muito difícil para nós entendermos. Também somos de uma cultura oral, seria muito valioso para o meu povo ter a Bíblia em áudio, de forma oral, em nossa língua materna, para que meu povo possa entender e conhecer a Deus. Isso seria tão bom para as pessoas do meu povo.” Disse o tradutor local com lágrimas nos olhos.
Uma lágrima também rolou pelo meu rosto neste momento, tão incrivelmente grata a Deus por nos trazer aqui, para este povo lindo, antes mesmo de começarmos, ou mesmo pensarmos, em traduzir a Bíblia. Gratos também pela oportunidade de já termos conseguido fazer amigos e agora trabalhamos juntos para que esse povo, nossos amigos, ouçam Deus falar com eles pessoalmente em sua própria língua!
Cheios de paixão, eles estão trabalhando arduamente no livro de Rute. É maravilhoso testemunhar o que isso faz com os tradutores locais, o quanto Deus fala com eles pessoalmente agora que estão tão focados na palavra de Deus em sua língua materna. No entanto, pedimos que você ore conosco pelos tradutores locais. Todos os três têm importantes responsabilidades de trabalho em suas vidas diárias, tornando quase impossível comprometer-se com a tradução da Bíblia com mais regularidade. Pedimos ao Senhor sabedoria e discernimento para novas oportunidades ou talvez uma segunda equipe de tradutores locais para alternar os trabalhos.
Percebemos que as aulas de inglês criam um vínculo com esses jovens. Como resultado, uma ponte está sendo construída, os jovens agora também estão começando a se aproximar de nós e estamos conseguindo também gerar vínculos com a geração mais nova, agora podemos orar juntos e oferecer apoio.
O mesmo aconteceu com as mulheres. Recebemos uma pergunta desafiadora: fazer bolos para mais de duzentas pessoas em um dia. As mulheres locais estavam ansiosas para aprender como o bolo é feito e vieram nos ajudar. Isso resultou em um dia de trabalho juntos e de conversas muito diferentes do habitual. Assim conseguimos nos conhecer um pouco melhor de uma forma descontraída e sobretudo divertida.
Nesse tempo Deus também trabalha muito em nós, não se trata apenas de traduzirmos um livro. De nada serve uma bíblia na língua deles, se essa bíblia não trouxer transformação. À medida que passamos mais tempo na aldeia, os relacionamentos também crescem.
Para continuarmos ativos aqui na aldeia, é preciso construir nosso próprio local. Esta casa de madeira se tornará nosso lar e também servirá como escritório para trabalhos de tradução, como sala de aula para as aulas de inglês e para receber nossos amigos da JOCUM que vêm fortalecer nosso trabalho. É claro que assumimos que nossa casa continuará sendo um lugar de receber as pessoas da comundade também.
É muito bom vivenciar como a população local está pensando junto com a gente qual será o melhor lugar para construirmos nossa casa. A estação chuvosa está chegando ao fim, o que significa que quase podemos começar a nos preparar para a construção! Precisamos urgentemente da sua ajuda para isso.
Neste momento já temos parte do valor necessário, o que significa que ainda precisamos do valor de R$ 20.000,00 reais para podermos concretizar esta construção. É por isso que estamos procurando pessoas que possam nos ajudar nessa construção da casa. Ore conosco pelas pessoas que querem ajudar a construir nossa casa e por todos os preparativos e processos envolvendo a construção de nossa casa. E que quando nossa casa estiver pronta, essa casa seja um local cheio de luz e esperança.
Muito obrigado por nos acompanhar em todos os processos!
Um abraço,
Christa, Lucas
Saulo & Joshua